Será que faz diferença refrigerar um alimento ou deixá-lo ou na fruteira? Apesar de parecer uma decisão automática, errar na escolha do que vai ficar ou não na geladeira pode fazer com que você perca frutas, legumes e verduras mais rápido.

Para alguns alimentos, a refrigeração retarda a atuação de microrganismos e bactérias que se reaproveitam do seu metabolismo ainda ativo. Para outros, a baixa temperatura altera a palatabilidade, afetando a textura, sabor e aparência da comida.

Garantir o consumo seguro desses alimentos é essencial, por isso deve-se sempre manter cada um no lugar correto. Mas e quando ficamos na dúvida? Ou seja, quais realmente são as melhores formas de conservar frutas, legumes e verduras?

Quais alimentos devem ficar na geladeira?

Cortar e guardar frutas em potes facilita o dia a dia

Cortar e guardar frutas em potes facilita o dia a dia – Foto: Shutterstock

Algumas frutas precisam ser refrigeradas não apenas para durarem mais tempo, mas também para manterem seu sabor fresco. Segundo Gabriella Braga, nutricionista da Science Play certificada em Nutrição Esportiva pelo American College, a refrigeração também é recomendada para evitar que o processo de higienização seja esquecido, o que pode levar à perda de características sensoriais.

“O ideal é chegar do mercado, fazer a higienização das frutas em água corrente, cortar e armazenar em recipientes com tampa de vidro na geladeira. Isso vai facilitar o consumo no dia a dia, ajudando a planejar um cardápio alimentar”, explica.

  • Frutas como abacaxi, mamão, melão, uva, limão, laranja e morango devem ser refrigeradas para durarem mais.
  • “Elas devem ser guardadas separadamente em sacos ou recipientes organizadores próprios e acondicionadas na parte inferior da geladeira. A maioria das geladeiras já possui um gavetão para isso, já que ele é menos refrigerado que as prateleiras superiores, evitando a exposição das frutas a temperaturas muito baixas”, destaca a personal organizer Marina Almeida.

Em relação aos legumes, grande parte fica bem fora da geladeira. Você pode refrigerar abobrinha e, após cortar, abóbora e pimentão; antes disso, não há necessidade. Para as cenouras, Almeida ensina a fórmula: “Um segredo para fazer com que as cenouras durem mais tempo e mantenham a crocância é deixá-las imersas em um pote com água na geladeira. Elas durarão até 15 dias”.

No caso das verduras, o ideal é higienizar, secar e guardar as folhas em potes ou sacolas herméticas, com folhas de papel toalha entre elas, na geladeira.  Mas como são mais sensíveis à temperatura, é fundamental ter um cuidado extra. “As prateleiras inferiores da geladeira são menos frias, sendo então ideais para o armazenamento das verduras, sem risco que congelem ou queimem”, adiciona.

  • Verduras folhosas como alface, agrião, espinafre, escarola, couve, chicória e rúcula precisam passar por esse processo para garantirem maior tempo de conservação.
  • “Se realizado corretamente, esse procedimento pode aumentar o tempo de conservação das folhas por cerca de 15 dias, mantendo suas características saudáveis”, diz a nutricionista.

Quais alimentos devem ficar fora da geladeira?

Muitas frutas devem ser mantidas fora da refrigeração

Muitas frutas devem ser mantidas fora da refrigeração – Foto: Shutterstock

Classificadas em climatéricas e não climatéricas, frutas são divididas naquelas que continuam a amadurecer depois de colhidas, e nas que não. O primeiro grupo produz etileno, hormônio responsável pelo amadurecimento, e pode ficar fora da geladeira sem problemas.

  • Banana, melão, abacate, pêssego, goiaba, maracujá, pêra, maçã e kiwi ficam bem em fruteiras ou em qualquer local seco e arejado.
  • “É preferível que elas fiquem separadas, pois devido ao etileno, uma pode interferir no processo de amadurecimento da outra, e isso pode fazer com que todas amadureçam mais rapidamente”, acrescenta Almeida.
  • No caso da banana, uma boa opção é congelar a fruta quando já houve o amadurecimento. Use-a congelada em vitaminas, batida com leite ou iogurte, por exemplo.

Deve-se evitar a refrigeração em legumes da família das raízes e tubérculos, pois isso fará com que o amido presente neles se transforme rapidamente em açúcar, alterando características como cor, textura e sabor.

  • Batata, batata-doce, rabanete, beterraba, mandioca, nabo e cará ficam bem se guardados em locais secos e arejados e de preferência, longe da luz.
  • Alho e cebola também devem ficar longe da umidade da geladeira e precisam de ventilação.
  • “Como nem sempre há esse espaço disponível, sugiro não comprar esses legumes em grande quantidades, evitando dificuldade com o armazenamento e possível desperdício”, opina a personal organizer.

E congelar?

Se a banana amadureceu, a melhor ideia é congelá-la para poder aproveitá-la em outros preparos. Mas o mesmo não vale para tudo do gavetão ou fruteira. “O congelamento é uma excelente opção para aumentar o tempo de durabilidade de alguns alimentos, porém não são todos que têm suas características sensoriais mantidas. Você não vai ter perda de vitaminas e minerais, mas a característica do alimento não vai ficar tão satisfatória”, afirma Braga.

Só congele folhas se for usá-las liquidificadas, como em um suco verde. Alimentos com grande quantidade de água, como chuchu, tomate e abobrinha, quando descongelados, perdem essa porcentagem da sua composição, e o resultado é um alimento murcho com sensação de emborrachado. No caso da batata e cenoura, é possível congelar após o cozimento.

Colaboração: Gabriella Braga, nutricionista da Science Play certificada em Nutrição Esportiva pelo American College; Marina Almeida, personal organizer.