Com a rotina corrida que a maioria das pessoas leva, cozinhar diariamente nem sempre é viável. Por isso, é cada vez mais comum encontrar quem utilize o fim de semana para fazer marmitas e garantir então refeições para a semana inteira. De acordo com pesquisa realizada em 2021 pela MindMiners, apenas 41% dos entrevistados têm o hábito de cozinhar em casa diariamente aqui no Brasil. Nesse sentido, os outros 59% optam pelo consumo fora de casa em restaurantes, por delivery ou até mesmo por requentar a refeição de dias anteriores.
Mas você sabia que reaquecer alimentos pode trazer danos à sua saúde? Pois é! Se esse armazenamento não for feito da forma correta, isso prejudicará não só o sabor, mas também a qualidade da comida. “Quando esse processo é realizado de forma errada, pode não haver o aquecimento e tempo necessários para destruir algumas bactérias patogênicas que podem ter se desenvolvido no alimento”, explica Mariana Etchepare, nutricionista, doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos e professora do curso de Nutrição da Universidade Positivo (UP).
A especialista explica que essas bactérias podem causar intoxicações alimentares como a salmonella, a cólera, o botulismo, o rotavírus, entre outras. Além disso, elas podem desenvolver em alimentos frequentemente consumidos de forma requentada, como arroz e feijão.
“A bacillus cereus, por exemplo, que se desenvolve em cereais, pode proliferar no arroz se ele for mantido em temperatura ambiente após ser cozido, antes da próxima refeição”, orienta Mariana, esclarecendo ainda que esse período em que o arroz fica fora de refrigeração é propício para o desenvolvimento de organismos patogênicos.
O mesmo vale para carnes e frutos do mar?
Carnes, aves, peixes e frutos do mar também podem gerar esse tipo de contaminação. Caso esse alimentos não sejam aquecidos a uma temperatura interna segura, as bactérias podem sobreviver e causar intoxicação alimentar. Por sua vez, isso pode levar a quadros mais graves de saúde, principalmente em grupos vulneráveis, como crianças, idosos, mulheres grávidas e pessoas com sistema imunológico enfraquecido.
Os sintomas comuns da intoxicação alimentar incluem náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal e febre. Esses indícios desaparecem dentro de alguns dias, mas a intoxicação alimentar pode levar a complicações sérias. Entre elas estão a desidratação grave, danos aos órgãos, distúrbios neurológicos e até mesmo a morte.
Cuidado ao utilizar o micro-ondas
Outro ponto que a especialista destaca são os cuidados na utilização do micro-ondas para reaquecer os alimentos. O principal problema é que o equipamento aquece a comida de maneira irregular, ou seja, algumas partes não atingem uma temperatura interna segura para consumo.
“Ao aquecer alimentos no micro-ondas, é essencial usar recipientes seguros, verificar a temperatura interna dos alimentos para garantir que estejam adequadamente aquecidos e seguir as orientações de segurança alimentar específicas para cada tipo de alimento”, ensina a nutricionista.
Mexer a comida durante o aquecimento e cobrir o prato com uma tampa também pode ajudar a reter a umidade e a aquecer os produtos de maneira uniforme. Sendo assim, você pode consumir de forma mais segura!
Apesar do alerta, cozinhar em todas as refeições, ou todos os dias, não é a única forma de evitar problemas de saúde causados pelo consumo de alimentos requentados. A alternativa é prepará-los rapidamente e armazená-los na geladeira assim que estiverem prontos, ainda quente.
“Para evitar a proliferação de bactérias nos alimentos, o correto é mantê-los refrigerados por até cinco dias antes de consumi-los, quando devem ser aquecidos por cinco minutos a uma temperatura de 74 graus Celsius, para garantir a eliminação de qualquer organismo patogênico que possa estar presente na comida”, finaliza Mariana.